O equívoco do Ministro Flávio Dino
- lauramascena
- 27 de mar.
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O ministro Flávio Dino, data vênia, se equivocou em seu voto. Em 1º de abril de 1964, dia do golpe, no centro do Recife, houve uma manifestação contra o golpe e com o objetivo de prestar apoio ao então governador, que seria deposto, Miguel Arraes.
Os meninos empunhavam bandeiras do Brasil e cantavam o hino nacional, quando deram de cara com uma barreira de soldados. Os militares atiraram para cima. Os rapazes, com a coragem que só a juventude permite, gritaram palavras de ordem e revidaram jogando cocos verdes secos nos soldados. Foram atingidos com tiros de fuzil. Um saldo de vários feridos e pelo menos dois mortos: Ivan da Rocha Aguiar, 23 anos e Jonas José de Albuquerque Barros, 17 anos.
Jonas era estudante do Ginásio Pernambucano. Junto com o colega David Capistrano Filho fundou o ALMA - Associação Literária Machado de Assis. Os dois eram amigos inseparáveis. Davizinho apenas escapou de estar presente na manifestação, junto com sua irmã Cristina, devido à intervenção de sua mãe, Maria Augusta, que impediu que os dois fossem ao protesto.
Cinquenta anos depois, no Rio de Janeiro, Isaura César e Cristina Capistrano, duas senhoras de seus sessenta e alguns anos, me relataram este episódio e choraram como meninas, provavelmente como as meninas que elas eram em 64, quando viram o amigo Jonas ser morto.
As marcas de uma ditadura são permanentes. Para que nunca se esqueça!
Com informações de Isaura César, Cristina Capistrano e do relatório da comissão da verdade.
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